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Smart city: como a tecnologia muda a vida de uma cidade

A ideia de cidade do futuro está ancorada em uma nova geração de tecnologias. Sensores, interfaces computadorizadas, bancos de dados, rastreamento e algoritmos se integram e fornecem informações em tempo real. Assim é possível realizar análises desses dados, auxiliando as pessoas a tomarem decisões que otimizem suas vidas nas cidades.

Por Lidyane Barros




Impulsionadas por tendências tecnológicas como big data, learning machine e internet das coisas (IoT), as cidades estão se tornando cada vez mais inteligentes.


À medida que governos, empresas e a população adotam tecnologias como estas para superar os desafios urbanos, as smart cities estão se tornando mais acessíveis através de seus smartphones, gerando dados e informações em tempo real sobre tudo. Esses dados são utilizados para melhorar os produtos e serviços de acordo com a necessidade dos cidadãos.


O uso de tecnologias para a melhoria da mobilidade urbana é um exemplo. O controle de estacionamentos por meio de aplicativos – que detectam e alertam a existência de vagas disponíveis – ou o monitoramento dos transportes públicos e do compartilhamento de caronas, são iniciativas concentradas em garantir o fluxo das atividades no ambiente urbano por meio de dados disponíveis na rede.


Cidades inteligentes também visam questões ambientais

O uso de redes inteligentes de eletricidade, conhecidas como smart grids, podem otimizar a distribuição de energia. Através de medidores eletrônicos inteligentes e sistemas de comunicação é possível oferecer serviços mais eficientes e sustentáveis. Com o controle de dados quanto ao consumo energético, é possível identificar instantaneamente quedas no fornecimento da rede, permitindo a programação remota de comandos em aparelhos eletrodomésticos.


A inteligência da cidade também pode contar com sistemas de drenagem e captação de água das chuvas para reaproveitamento da água e irrigação automatizada que muda conforme o clima. Já o saneamento pode ser melhorado com artifícios tecnológicos, seja usando lixeiras conectadas a sistemas de gerenciamento de coleta e remoção de resíduos habilitados para IoT ou com sensores para medir parâmetros de distribuição da água tratada.


O conceito ainda está em evolução

Inicialmente, o termo smart city foi conceituado assim por usar soluções tecnológicas para melhorar a eficiência operacional, compartilhando informações com o público, melhorando a qualidade dos serviços públicos e, consequentemente, a vida dos cidadãos.

No entanto, este conceito se tornou mais amplo, pois há uma perceptível mudança no papel das cidades inteligentes. Além de mecanismos isolados, as soluções precisam ser estruturadas de modo que respondam a múltiplos problemas simultaneamente.


Também é importante que os cidadãos participem da criação das tecnologias, pois são capazes de detectar necessidades locais antes que os governantes da cidade. Além disso, eles podem trabalhar de forma colaborativa para resolver os problemas e desenvolver inovações rápidas e econômicas.


Dentre as cidades mais inteligentes do mundo, Nova Iorque está na primeira posição do ranking de 2018 preparado pela IESE Business School da Universidade de Navarra.


A classificação foi feita considerando 10 aspectos: economia, meio-ambiente, abertura internacional, coesão social, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, mobilidade e transporte, capital humano e governança.


A cidade americana usa sistemas de telefonia para distribuir gratuitamente acesso à internet à todos e criou um aplicativo que oferece informações sobre eventos locais, listas de entretenimento e notícias.


Há também sensores e câmeras espalhados pela cidade que auxiliam na gestão do tráfego urbano, na economia de energia e apoiam a geração de estatísticas que participam do controle da segurança urbana.


Uma cidade brasileira planejada para ser inteligente

Ainda em construção, a auto denominada primeira cidade inteligente social está no Ceará, em São Gonçalo do Amarante. O empreendimento Laguna foi planejado pelo grupo italiano Planet e têm 3.300.000 m² de área com espaço para lotes residenciais, comerciais e um polo empresarial tecnológico.


A cidade inteligente promete oferecer soluções inovadoras relacionadas às infraestruturas digitais que incluem pontos de Wi-Fi e ilhas de recarga para carros elétricos.


O sistema de videomonitoramento em tempo real é integrado a um aplicativo desenvolvido para promoção e informação dos serviços da cidade. Esse aplicativo pode ser baixado gratuitamente pelo seu smartphone e serve para consultar dados, monitorar gastos, consumos e utilizar serviços.


Serão utilizadas outras tecnologias para gerir o consumo de recursos de maneira sustentável e melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, como iluminação pública inteligente com luminárias LED e medidores de energia consumida pelas residências que fornecem dados e informações em tempo real.


Estas iniciativas permitem a automatização das operações e também para os consumidores controlarem diariamente o gasto de energia por plataformas on-line.


O empreendimento também anuncia seus propósitos sociais declarando que Laguna será um espaço que promove atividades colaborativas e a economia compartilhada local por meio de seus espaços físicos e digitais. Com a economia que os sensores geram, é possível investir esse dinheiro em mais infraestrutura, como bibliotecas, teatros, hospitais e até em eventos culturais.


Laguna ainda está em desenvolvimento, mas é um exemplo promissor de como é possível planejar cidades para funcionarem de modo mais fluido e inteligente.



Lidyane Barros é mestre em Engenharia de Produção pela POLI-USP. É professora, pesquisadora e consultora em inovação, empreendedorismo e mobilidade urbana. Com experiência em startups, pequenos negócios e setor público, atua principalmente em projetos de inovação que contribuem para o desenvolvimento sustentável do país.


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